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Secrets

Um Secret é um objeto que contém uma pequena quantidade de informação sensível, como senhas, tokens ou chaves. Este tipo de informação poderia, em outras circunstâncias, ser colocada diretamente em uma configuração de Pod ou em uma imagem de contêiner. O uso de Secrets evita que você tenha de incluir dados confidenciais no seu código.

Secrets podem ser criados de forma independente dos Pods que os consomem. Isto reduz o risco de que o Secret e seus dados sejam expostos durante o processo de criação, visualização e edição ou atualização de Pods. O Kubernetes e as aplicações que rodam no seu cluster podem também tomar outras precauções com Secrets, como por exemplo evitar a escrita de dados confidenciais em local de armazenamento persistente (não-volátil).

Secrets são semelhantes a ConfigMaps, mas foram especificamente projetados para conter dados confidenciais.

Visão Geral de Secrets

Para utilizar um Secret, um Pod precisa referenciar o Secret. Um Secret pode ser utilizado em um Pod de três maneiras diferentes:

A camada de gerenciamento do Kubernetes também utiliza Secrets. Por exemplo, os Secrets de tokens de autoinicialização são um mecanismo que auxilia a automação do registro de nós.

O nome de um Secret deve ser um subdomínio DNS válido. Você pode especificar o campo data e/ou o campo stringData na criação de um arquivo de configuração de um Secret. Ambos os campos data e stringData são opcionais. Os valores das chaves no campo data devem ser strings codificadas no formato base64. Se a conversão para base64 não for desejável, você pode optar por informar os dados no campo stringData, que aceita strings arbitrárias como valores.

As chaves dos campos data e stringData devem consistir de caracteres alfanuméricos, -, _, ou .. Todos os pares chave-valor no campo stringData são internamente combinados com os dados do campo data. Se uma chave aparece em ambos os campos, o valor informado no campo stringData toma a precedência.

Tipos de Secrets

Ao criar um Secret, você pode especificar o seu tipo utilizando o campo type do objeto Secret, ou algumas opções de linha de comando equivalentes no comando kubectl, quando disponíveis. O campo type de um Secret é utilizado para facilitar a manipulação programática de diferentes tipos de dados confidenciais.

O Kubernetes oferece vários tipos embutidos de Secret para casos de uso comuns. Estes tipos variam em termos de validações efetuadas e limitações que o Kubernetes impõe neles.

Tipo embutido Caso de uso
Opaque dados arbitrários definidos pelo usuário
kubernetes.io/service-account-token token de service account (conta de serviço)
kubernetes.io/dockercfg arquivo ~/.dockercfg serializado
kubernetes.io/dockerconfigjson arquivo ~/.docker/config.json serializado
kubernetes.io/basic-auth credenciais para autenticação básica (basic auth)
kubernetes.io/ssh-auth credenciais para autenticação SSH
kubernetes.io/tls dados para um cliente ou servidor TLS
bootstrap.kubernetes.io/token dados de token de autoinicialização

Você pode definir e utilizar seu próprio tipo de Secret definindo o valor do campo type como uma string não-nula em um objeto Secret. Uma string em branco é tratada como o tipo Opaque. O Kubernetes não restringe nomes de tipos. No entanto, quando tipos embutidos são utilizados, você precisa atender a todos os requisitos daquele tipo.

Secrets tipo Opaque

Opaque é o tipo predefinido de Secret quando o campo type não é informado em um arquivo de configuração. Quando um Secret é criado usando o comando kubectl, você deve usar o subcomando generic para indicar que um Secret é do tipo Opaque. Por exemplo, o comando a seguir cria um Secret vazio do tipo Opaque:

kubectl create secret generic empty-secret
kubectl get secret empty-secret

O resultado será semelhante ao abaixo:

NAME           TYPE     DATA   AGE
empty-secret   Opaque   0      2m6s

A coluna DATA demonstra a quantidade de dados armazenados no Secret. Neste caso, 0 significa que este objeto Secret está vazio.

Secrets de token de service account (conta de serviço)

Secrets do tipo kubernetes.io/service-account-token são utilizados para armazenar um token que identifica uma service account (conta de serviço). Ao utilizar este tipo de Secret, você deve garantir que a anotação kubernetes.io/service-account.name contém um nome de uma service account existente. Um controlador do Kubernetes preenche outros campos, como por exemplo a anotação kubernetes.io/service-account.uid e a chave token no campo data com o conteúdo do token.

O exemplo de configuração abaixo declara um Secret de token de service account:

apiVersion: v1
kind: Secret
metadata:
  name: secret-sa-sample
  annotations:
    kubernetes.io/service-account-name: "sa-name"
type: kubernetes.io/service-account-token
data:
  # Você pode incluir pares chave-valor adicionais, da mesma forma que faria com
  # Secrets do tipo Opaque
  extra: YmFyCg==

Ao criar um Pod, o Kubernetes automaticamente cria um Secret de service account e automaticamente atualiza o seu Pod para utilizar este Secret. O Secret de token de service account contém credenciais para acessar a API.

A criação automática e o uso de credenciais de API podem ser desativados se desejado. Porém, se tudo que você necessita é poder acessar o servidor da API de forma segura, este é o processo recomendado.

Veja a documentação de ServiceAccount para mais informações sobre o funcionamento de service accounts. Você pode verificar também os campos automountServiceAccountToken e serviceAccountName do Pod para mais informações sobre como referenciar service accounts em Pods.

Secrets de configuração do Docker

Você pode utilizar um dos tipos abaixo para criar um Secret que armazena credenciais para accesso a um registro de contêineres compatível com Docker para busca de imagens:

  • kubernetes.io/dockercfg
  • kubernetes.io/dockerconfigjson

O tipo kubernetes.io/dockercfg é reservado para armazenamento de um arquivo ~/.dockercfg serializado. Este arquivo é o formato legado para configuração do utilitário de linha de comando do Docker. Ao utilizar este tipo de Secret, é preciso garantir que o campo data contém uma chave .dockercfg cujo valor é o conteúdo do arquivo ~/.dockercfg codificado no formato base64.

O tipo kubernetes.io/dockerconfigjson foi projetado para armazenamento de um conteúdo JSON serializado que obedece às mesmas regras de formato que o arquivo ~/.docker/config.json. Este arquivo é um formato mais moderno para o conteúdo do arquivo ~/.dockercfg. Ao utilizar este tipo de Secret, o conteúdo do campo data deve conter uma chave .dockerconfigjson em que o conteúdo do arquivo ~/.docker/config.json é fornecido codificado no formato base64.

Um exemplo de um Secret do tipo kubernetes.io/dockercfg:

apiVersion: v1
kind: Secret
metadata:
  name: secret-dockercfg
type: kubernetes.io/dockercfg
data:
  .dockercfg: |
        "<base64 encoded ~/.dockercfg file>"

Ao criar estes tipos de Secret utilizando um manifesto (arquivo YAML), o servidor da API verifica se a chave esperada existe no campo data e se o valor fornecido pode ser interpretado como um conteúdo JSON válido. O servidor da API não verifica se o conteúdo informado é realmente um arquivo de configuração do Docker.

Quando você não tem um arquivo de configuração do Docker, ou quer utilizar o comando kubectl para criar um Secret de registro de contêineres compatível com o Docker, você pode executar:

kubectl create secret docker-registry secret-tiger-docker \
  --docker-username=tiger \
  --docker-password=pass113 \
  --docker-email=tiger@acme.com \
  --docker-server=my-registry.example:5000

Esse comando cria um secret do tipo kubernetes.io/dockerconfigjson, cujo conteúdo é semelhante ao exemplo abaixo:

{
    "apiVersion": "v1",
    "data": {
        ".dockerconfigjson": "eyJhdXRocyI6eyJteS1yZWdpc3RyeTo1MDAwIjp7InVzZXJuYW1lIjoidGlnZXIiLCJwYXNzd29yZCI6InBhc3MxMTMiLCJlbWFpbCI6InRpZ2VyQGFjbWUuY29tIiwiYXV0aCI6ImRHbG5aWEk2Y0dGemN6RXhNdz09In19fQ=="
    },
    "kind": "Secret",
    "metadata": {
        "creationTimestamp": "2021-07-01T07:30:59Z",
        "name": "secret-tiger-docker",
        "namespace": "default",
        "resourceVersion": "566718",
        "uid": "e15c1d7b-9071-4100-8681-f3a7a2ce89ca"
    },
    "type": "kubernetes.io/dockerconfigjson"
}

Se você extrair o conteúdo da chave .dockerconfigjson, presente no campo data, e decodificá-lo do formato base64, você irá obter o objeto JSON abaixo, que é uma configuração válida do Docker criada automaticamente:

{
  "auths":{
    "my-registry:5000":{
      "username":"tiger",
      "password":"pass113",
      "email":"tiger@acme.com",
      "auth":"dGlnZXI6cGFzczExMw=="
    }
  }
}

Secret de autenticação básica

O tipo kubernetes.io/basic-auth é fornecido para armazenar credenciais necessárias para autenticação básica. Ao utilizar este tipo de Secret, o campo data do Secret deve conter as duas chaves abaixo:

  • username: o usuário utilizado para autenticação;
  • password: a senha ou token para autenticação.

Ambos os valores para estas duas chaves são textos codificados em formato base64. Você pode fornecer os valores como texto simples utilizando o campo stringData na criação do Secret.

O arquivo YAML abaixo é um exemplo de configuração para um Secret de autenticação básica:

apiVersion: v1
kind: Secret
metadata:
  name: secret-basic-auth
type: kubernetes.io/basic-auth
stringData:
  username: admin
  password: t0p-Secret

O tipo de autenticação básica é fornecido unicamente por conveniência. Você pode criar um Secret do tipo Opaque utilizado para autenticação básica. No entanto, utilizar o tipo embutido de Secret auxilia a unificação dos formatos das suas credenciais. O tipo embutido também fornece verificação de presença das chaves requeridas pelo servidor da API.

Secret de autenticação SSH

O tipo embutido kubernetes.io/ssh-auth é fornecido para armazenamento de dados utilizados em autenticação SSH. Ao utilizar este tipo de Secret, você deve especificar um par de chave-valor ssh-privatekey no campo data ou no campo stringData com a credencial SSH a ser utilizada.

O YAML abaixo é um exemplo de configuração para um Secret de autenticação SSH:

apiVersion: v1
kind: Secret
metadata:
  name: secret-ssh-auth
type: kubernetes.io/ssh-auth
data:
  # os dados estão abreviados neste exemplo
  ssh-privatekey: |
          MIIEpQIBAAKCAQEAulqb/Y ...

O Secret de autenticação SSH é fornecido apenas para a conveniência do usuário. Você pode criar um Secret do tipo Opaque para credentials utilizadas para autenticação SSH. No entanto, a utilização do tipo embutido auxilia na unificação dos formatos das suas credenciais e o servidor da API fornece verificação dos campos requeridos em uma configuração de Secret.

Secrets TLS

O Kubernetes fornece o tipo embutido de Secret kubernetes.io/tls para armazenamento de um certificado e sua chave associada que são tipicamente utilizados para TLS. Estes dados são utilizados primariamente para a finalização TLS do recurso Ingress, mas podem ser utilizados com outros recursos ou diretamente por uma carga de trabalho. Ao utilizar este tipo de Secret, as chaves tls.key e tls.crt devem ser informadas no campo data (ou stringData) da configuração do Secret, embora o servidor da API não valide o conteúdo de cada uma destas chaves.

O YAML a seguir tem um exemplo de configuração para um Secret TLS:

apiVersion: v1
kind: Secret
metadata:
  name: secret-tls
type: kubernetes.io/tls
data:
  # os dados estão abreviados neste exemplo
  tls.crt: |
        MIIC2DCCAcCgAwIBAgIBATANBgkqh ...
  tls.key: |
        MIIEpgIBAAKCAQEA7yn3bRHQ5FHMQ ...

O tipo TLS é fornecido para a conveniência do usuário. Você pode criar um Secret do tipo Opaque para credenciais utilizadas para o servidor e/ou cliente TLS. No entanto, a utilização do tipo embutido auxilia a manter a consistência dos formatos de Secret no seu projeto; o servidor da API valida se os campos requeridos estão presentes na configuração do Secret.

Ao criar um Secret TLS utilizando a ferramenta de linha de comando kubectl, você pode utilizar o subcomando tls conforme demonstrado no exemplo abaixo:

kubectl create secret tls my-tls-secret \
  --cert=path/to/cert/file  \
  --key=path/to/key/file

O par de chaves pública/privada deve ser criado separadamente. O certificado de chave pública a ser utilizado no argumento --cert deve ser codificado em formato .PEM (formato DER codificado em texto base64) e deve corresponder à chave privada fornecida no argumento --key. A chave privada deve estar no formato de chave privada PEM não-encriptado. Em ambos os casos, as linhas inicial e final do formato PEM (por exemplo, --------BEGIN CERTIFICATE----- e -------END CERTIFICATE---- para um certificado) não são incluídas.

Secret de token de autoinicialização

Um Secret de token de autoinicialização pode ser criado especificando o tipo de um Secret explicitamente com o valor bootstrap.kubernetes.io/token. Este tipo de Secret é projetado para tokens utilizados durante o processo de inicialização de nós. Este tipo de Secret armazena tokens utilizados para assinar ConfigMaps conhecidos.

Um Secret de token de autoinicialização é normalmente criado no namespace kube-system e nomeado na forma bootstrap-token-<id-do-token>, onde <id-do-token> é um texto com 6 caracteres contendo a identificação do token.

No formato de manifesto do Kubernetes, um Secret de token de autoinicialização se assemelha ao exemplo abaixo:

apiVersion: v1
kind: Secret
metadata:
  name: bootstrap-token-5emitj
  namespace: kube-system
type: bootstrap.kubernetes.io/token
data:
  auth-extra-groups: c3lzdGVtOmJvb3RzdHJhcHBlcnM6a3ViZWFkbTpkZWZhdWx0LW5vZGUtdG9rZW4=
  expiration: MjAyMC0wOS0xM1QwNDozOToxMFo=
  token-id: NWVtaXRq
  token-secret: a3E0Z2lodnN6emduMXAwcg==
  usage-bootstrap-authentication: dHJ1ZQ==
  usage-bootstrap-signing: dHJ1ZQ==

Um Secret do tipo token de autoinicialização possui as seguintes chaves no campo data:

  • token-id: Uma string com 6 caracteres aleatórios como identificador do token. Requerido.
  • token-secret: Uma string de 16 caracteres aleatórios como o conteúdo do token. Requerido.
  • description: Uma string contendo uma descrição do propósito para o qual este token é utilizado. Opcional.
  • expiration: Um horário absoluto UTC no formato RFC3339 especificando quando o token deve expirar. Opcional.
  • usage-bootstrap-<usage>: Um conjunto de flags booleanas indicando outros usos para este token de autoinicialização.
  • auth-extra-groups: Uma lista separada por vírgulas de nomes de grupos que serão autenticados adicionalmente, além do grupo system:bootstrappers.

O YAML acima pode parecer confuso, já que os valores estão todos codificados em formato base64. Você pode criar o mesmo Secret utilizando este YAML:

apiVersion: v1
kind: Secret
metadata:
  # Observe como o Secret é nomeado
  name: bootstrap-token-5emitj
  # Um Secret de token de inicialização geralmente fica armazenado no namespace
  # kube-system
  namespace: kube-system
type: bootstrap.kubernetes.io/token
stringData:
  auth-extra-groups: "system:bootstrappers:kubeadm:default-node-token"
  expiration: "2020-09-13T04:39:10Z"
  # Esta identificação de token é utilizada no nome
  token-id: "5emitj"
  token-secret: "kq4gihvszzgn1p0r"
  # Este token pode ser utilizado para autenticação.
  usage-bootstrap-authentication: "true"
  # e pode ser utilizado para assinaturas
  usage-bootstrap-signing: "true"

Criando um Secret

Há várias formas diferentes de criar um Secret:

Editando um Secret

Um Secret existente no cluster pode ser editado com o seguinte comando:

kubectl edit secrets mysecret

Este comando abrirá o editor padrão configurado e permitirá a modificação dos valores codificados em base64 no campo data:

# Please edit the object below. Lines beginning with a '#' will be ignored,
# and an empty file will abort the edit. If an error occurs while saving this file will be
# reopened with the relevant failures.
#
apiVersion: v1
data:
  username: YWRtaW4=
  password: MWYyZDFlMmU2N2Rm
kind: Secret
metadata:
  annotations:
    kubectl.kubernetes.io/last-applied-configuration: { ... }
  creationTimestamp: 2016-01-22T18:41:56Z
  name: mysecret
  namespace: default
  resourceVersion: "164619"
  uid: cfee02d6-c137-11e5-8d73-42010af00002
type: Opaque

Utilizando Secrets

Secrets podem ser montados como volumes de dados ou expostos como variáveis de ambiente para serem utilizados num container de um Pod. Secrets também podem ser utilizados por outras partes do sistema, sem serem diretamente expostos ao Pod. Por exemplo, Secrets podem conter credenciais que outras partes do sistema devem utilizar para interagir com sistemas externos no lugar do usuário.

Utilizando Secrets como arquivos em um Pod

Para consumir um Secret em um volume em um Pod:

  1. Crie um Secret ou utilize um previamente existente. Múltiplos Pods podem referenciar o mesmo secret.
  2. Modifique sua definição de Pod para adicionar um volume na lista .spec.volumes[]. Escolha um nome qualquer para o seu volume e adicione um campo .spec.volumes[].secret.secretName com o mesmo valor do seu objeto Secret.
  3. Adicione um ponto de montagem de volume à lista .spec.containers[].volumeMounts[] de cada contêiner que requer o Secret. Especifique .spec.containers[].volumeMounts[].readOnly = true e especifique o valor do campo .spec.containers[].volumeMounts[].mountPath com o nome de um diretório não utilizado onde você deseja que os Secrets apareçam.
  4. Modifique sua imagem ou linha de comando de modo que o programa procure por arquivos naquele diretório. Cada chave no campo data se torna um nome de arquivo no diretório especificado em mountPath.

Este é um exemplo de Pod que monta um Secret em um volume:

apiVersion: v1
kind: Pod
metadata:
  name: mypod
spec:
  containers:
  - name: mypod
    image: redis
    volumeMounts:
    - name: foo
      mountPath: "/etc/foo"
      readOnly: true
  volumes:
  - name: foo
    secret:
      secretName: mysecret

Cada Secret que você deseja utilizar deve ser referenciado na lista .spec.volumes.

Se existirem múltiplos contêineres em um Pod, cada um dos contêineres necessitará seu próprio bloco volumeMounts, mas somente um volume na lista .spec.volumes é necessário por Secret.

Você pode armazenar vários arquivos em um Secret ou utilizar vários Secrets distintos, o que for mais conveniente.

Projeção de chaves de Secrets a caminhos específicos

Você pode também controlar os caminhos dentro do volume onde as chaves do Secret são projetadas. Você pode utilizar o campo .spec.volumes[].secret.items para mudar o caminho de destino de cada chave:

apiVersion: v1
kind: Pod
metadata:
  name: mypod
spec:
  containers:
  - name: mypod
    image: redis
    volumeMounts:
    - name: foo
      mountPath: "/etc/foo"
      readOnly: true
  volumes:
  - name: foo
    secret:
      secretName: mysecret
      items:
      - key: username
        path: my-group/my-username

Neste caso:

  • O valor da chave username é armazenado no arquivo /etc/foo/my-group/my-username ao invés de /etc/foo/username.
  • O valor da chave password não é projetado no sistema de arquivos.

Se .spec.volumes[].secret.items for utilizado, somente chaves especificadas na lista items são projetadas. Para consumir todas as chaves do Secret, deve haver um item para cada chave no campo items. Todas as chaves listadas precisam existir no Secret correspondente. Caso contrário, o volume não é criado.

Permissões de arquivos de Secret

Você pode trocar os bits de permissão de uma chave avulsa de Secret. Se nenhuma permissão for especificada, 0644 é utilizado por padrão. Você pode também especificar uma permissão padrão para o volume inteiro de Secret e sobrescrever esta permissão por chave, se necessário.

Por exemplo, você pode especificar uma permissão padrão da seguinte maneira:

apiVersion: v1
kind: Pod
metadata:
  name: mypod
spec:
  containers:
  - name: mypod
    image: redis
    volumeMounts:
    - name: foo
      mountPath: "/etc/foo"
  volumes:
  - name: foo
    secret:
      secretName: mysecret
      defaultMode: 0400

Dessa forma, o Secret será montado em /etc/foo e todos os arquivos criados no volume terão a permissão 0400.

Note que a especificação JSON não suporta notação octal. Neste caso, utilize o valor 256 para permissões equivalentes a 0400. Se você utilizar YAML ao invés de JSON para o Pod, você pode utilizar notação octal para especificar permissões de uma forma mais natural.

Perceba que se você acessar o Pod com kubectl exec, você precisará seguir o vínculo simbólico para encontrar a permissão esperada. Por exemplo,

Verifique as permissões do arquivo de Secret no pod.

kubectl exec mypod -it sh

cd /etc/foo
ls -l

O resultado é semelhante ao abaixo:

total 0
lrwxrwxrwx 1 root root 15 May 18 00:18 password -> ..data/password
lrwxrwxrwx 1 root root 15 May 18 00:18 username -> ..data/username

Siga o vínculo simbólico para encontrar a permissão correta do arquivo.

cd /etc/foo/..data
ls -l

O resultado é semelhante ao abaixo:

total 8
-r-------- 1 root root 12 May 18 00:18 password
-r-------- 1 root root  5 May 18 00:18 username

Você pode também utilizar mapeamento, como no exemplo anterior, e especificar permissões diferentes para arquivos diferentes conforme abaixo:

apiVersion: v1
kind: Pod
metadata:
  name: mypod
spec:
  containers:
  - name: mypod
    image: redis
    volumeMounts:
    - name: foo
      mountPath: "/etc/foo"
  volumes:
  - name: foo
    secret:
      secretName: mysecret
      items:
      - key: username
        path: my-group/my-username
        mode: 0777

Neste caso, o arquivo resultante em /etc/foo/my-group/my-username terá as permissões 0777. Se você utilizar JSON, devido às limitações do formato, você precisará informar as permissões em base decimal, ou o valor 511 neste exemplo.

Note que os valores de permissões podem ser exibidos em formato decimal se você ler essa informação posteriormente.

Consumindo valores de Secrets em volumes

Dentro do contêiner que monta um volume de Secret, as chaves deste Secret aparecem como arquivos e os valores dos Secrets são decodificados do formato base64 e armazenados dentro destes arquivos. Ao executar comandos dentro do contêiner do exemplo anterior, obteremos os seguintes resultados:

ls /etc/foo

O resultado é semelhante a:

username
password
cat /etc/foo/username

O resultado é semelhante a:

admin
cat /etc/foo/password

O resultado é semelhante a:

1f2d1e2e67df

A aplicação rodando dentro do contêiner é responsável pela leitura dos Secrets dentro dos arquivos.

Secrets montados são atualizados automaticamente

Quando um Secret que está sendo consumido a partir de um volume é atualizado, as chaves projetadas são atualizadas após algum tempo também. O kubelet verifica se o Secret montado está atualizado a cada sincronização periódica. No entanto, o kubelet utiliza seu cache local para buscar o valor corrente de um Secret. O tipo do cache é configurável utilizando o campo ConfigMapAndSecretChangeDetectionStrategy na estrutura KubeletConfiguration. Um Secret pode ser propagado através de um watch (comportamento padrão), que é o sistema de propagação de mudanças incrementais em objetos do Kubernetes; baseado em TTL (time to live, ou tempo de expiração); ou redirecionando todas as requisições diretamente para o servidor da API.

Como resultado, o tempo decorrido total entre o momento em que o Secret foi atualizado até o momento em que as novas chaves são projetadas nos Pods pode ser tão longo quanto o tempo de sincronização do kubelet somado ao tempo de propagação do cache, onde o tempo de propagação do cache depende do tipo de cache escolhido: o tempo de propagação pode ser igual ao tempo de propagação do watch, TTL do cache, ou zero, de acordo com cada um dos tipos de cache.

Utilizando Secrets como variáveis de ambiente

Para utilizar um secret em uma variável de ambiente em um Pod:

  1. Crie um Secret ou utilize um já existente. Múltiplos Pods podem referenciar o mesmo Secret.
  2. Modifique a definição de cada contêiner do Pod em que desejar consumir o Secret, adicionando uma variável de ambiente para cada uma das chaves que deseja consumir. A variável de ambiente que consumir o valor da chave em questão deverá popular o nome do Secret e a sua chave correspondente no campo env[].valueFrom.secretKeyRef.
  3. Modifique sua imagem de contêiner ou linha de comando de forma que o programa busque os valores nas variáveis de ambiente especificadas.

Este é um exemplo de um Pod que utiliza Secrets em variáveis de ambiente:

apiVersion: v1
kind: Pod
metadata:
  name: secret-env-pod
spec:
  containers:
  - name: mycontainer
    image: redis
    env:
    - name: SECRET_USERNAME
      valueFrom:
        secretKeyRef:
          name: mysecret
          key: username
    - name: SECRET_PASSWORD
      valueFrom:
        secretKeyRef:
          name: mysecret
          key: password
  restartPolicy: Never

Consumindo valores de Secret em variáveis de ambiente

Dentro de um contêiner que consome um Secret em variáveis de ambiente, a chave do Secret aparece como uma variável de ambiente comum, contendo os dados do Secret decodificados do formato base64. Ao executar comandos no contêiner do exemplo anterior, obteremos os resultados abaixo:

echo $SECRET_USERNAME

O resultado é semelhante a:

admin
echo $SECRET_PASSWORD

O resultado é semelhante a:

1f2d1e2e67df

Variáveis de ambiente não são atualizadas após uma atualização no Secret

Se um contêiner já consome um Secret em uma variável de ambiente, uma atualização dos valores do Secret não será refletida no contêiner a menos que o contêiner seja reiniciado. Existem ferramentas de terceiros que oferecem reinicializações automáticas quando Secrets são atualizados.

Secrets imutáveis

FEATURE STATE: Kubernetes v1.21 [stable]

A funcionalidade do Kubernetes Secrets e ConfigMaps imutáveis fornece uma opção para marcar Secrets e ConfigMaps individuais como imutáveis. Em clusters que fazem uso extensivo de Secrets (pelo menos dezenas de milhares de montagens únicas de Secrets em Pods), prevenir alterações aos dados dos Secrets traz as seguintes vantagens:

  • protege você de alterações acidentais ou indesejadas que poderiam provocar disrupções na execução de aplicações;
  • melhora a performance do seu cluster através da redução significativa de carga no kube-apiserver, devido ao fechamento de watches de Secrets marcados como imutáveis.

Esta funcionalidade é controlada pelo feature gate ImmutableEphemeralVolumes, que está habilitado por padrão desde a versão v1.19. Você pode criar um Secret imutável adicionando o campo immutable com o valor true. Por exemplo:

apiVersion: v1
kind: Secret
metadata:
  ...
data:
  ...
immutable: true

Usando imagePullSecrets

O campo imagePullSecrets é uma lista de referências para Secrets no mesmo namespace. Você pode utilizar a lista imagePullSecrets para enviar Secrets que contém uma senha para acesso a um registro de contêineres do Docker (ou outros registros de contêineres) ao kubelet. O kubelet utiliza essa informação para baixar uma imagem privada no lugar do seu Pod. Veja a API PodSpec para maiores detalhes sobre o campo imagePullSecrets.

Especificando imagePullSecrets manualmente

Você pode ler sobre como especificar imagePullSecrets em um Pod na documentação de imagens de contêiner.

Configurando imagePullSecrets para serem vinculados automaticamente

Você pode criar manualmente imagePullSecrets e referenciá-los em uma ServiceAccount. Quaisquer Pods criados com esta ServiceAccount, especificada explicitamente ou por padrão, têm o campo imagePullSecrets populado com os mesmos valores existentes na service account. Veja adicionando imagePullSecrets a uma service account para uma explicação detalhada do processo.

Detalhes

Restrições

Referências a Secrets em volumes são validadas para garantir que o objeto especificado realmente existe e é um objeto do tipo Secret. Portanto, um Secret precisa ser criado antes de quaisquer Pods que dependam deste.

Objetos Secret residem em um namespace. Secrets podem ser referenciados somente por Pods no mesmo namespace.

Secrets individuais são limitados ao tamanho de 1MiB. Esta limitação ter por objetivo desencorajar a criação de Secrets muito grandes que poderiam exaurir a memória do servidor da API e do kubelet. No entanto, a criação de muitos Secrets pequenos também pode exaurir a memória. Limites mais completos de uso de memória em função de Secrets é uma funcionalidade prevista para o futuro.

O kubelet suporta apenas o uso de Secrets em Pods onde os Secrets são obtidos do servidor da API. Isso inclui quaisquer Pods criados usando o comando kubectl, ou indiretamente através de um controlador de replicação, mas não inclui Pods criados como resultado das flags --manifest-url e --config do kubelet, ou a sua API REST (estas são formas incomuns de criar um Pod). A spec de um Pod estático não pode se referir a um Secret ou a qualquer outro objeto da API.

Secrets precisam ser criados antes de serem consumidos em Pods como variáveis de ambiente, exceto quando são marcados como opcionais. Referências a Secrets que não existem provocam falhas na inicialização do Pod.

Referências (campo secretKeyRef) a chaves que não existem em um Secret nomeado provocam falhas na inicialização do Pod.

Secrets utilizados para popular variáveis de ambiente através do campo envFrom que contém chaves inválidas para utilização como nome de uma variável de ambiente terão tais chaves ignoradas. O Pod inicializará normalmente. Porém, um evento será gerado com a razão InvalidVariableNames e a mensagem gerada conterá a lista de chaves inválidas que foram ignoradas. O exemplo abaixo demonstra um Pod que se refere ao Secret default/mysecret, contendo duas chaves inválidas: 1badkey e 2alsobad.

kubectl get events

O resultado é semelhante a:

LASTSEEN   FIRSTSEEN   COUNT     NAME            KIND      SUBOBJECT                         TYPE      REASON
0s         0s          1         dapi-test-pod   Pod                                         Warning   InvalidEnvironmentVariableNames   kubelet, 127.0.0.1      Keys [1badkey, 2alsobad] from the EnvFrom secret default/mysecret were skipped since they are considered invalid environment variable names.

Interações do ciclo de vida entre Secrets e Pods

Quando um Pod é criado através de chamadas à API do Kubernetes, não há validação da existência de um Secret referenciado. Uma vez que um Pod seja agendado, o kubelet tentará buscar o valor do Secret. Se o Secret não puder ser encontrado porque não existe ou porque houve uma falha de comunicação temporária entre o kubelet e o servidor da API, o kubelet fará novas tentativas periodicamente. O kubelet irá gerar um evento sobre o Pod, explicando a razão pela qual o Pod ainda não foi inicializado. Uma vez que o Secret tenha sido encontrado, o kubelet irá criar e montar um volume contendo este Secret. Nenhum dos contêineres do Pod irá iniciar até que todos os volumes estejam montados.

Casos de uso

Caso de uso: Como variáveis de ambiente em um contêiner

Crie um manifesto de Secret

apiVersion: v1
kind: Secret
metadata:
  name: mysecret
type: Opaque
data:
  USER_NAME: YWRtaW4=
  PASSWORD: MWYyZDFlMmU2N2Rm

Crie o Secret no seu cluster:

kubectl apply -f mysecret.yaml

Utilize envFrom para definir todos os dados do Secret como variáveis de ambiente do contêiner. Cada chave do Secret se torna o nome de uma variável de ambiente no Pod.

apiVersion: v1
kind: Pod
metadata:
  name: secret-test-pod
spec:
  containers:
    - name: test-container
      image: k8s.gcr.io/busybox
      command: [ "/bin/sh", "-c", "env" ]
      envFrom:
      - secretRef:
          name: mysecret
  restartPolicy: Never

Caso de uso: Pod com chaves SSH

Crie um Secret contendo chaves SSH:

kubectl create secret generic ssh-key-secret --from-file=ssh-privatekey=/path/to/.ssh/id_rsa --from-file=ssh-publickey=/path/to/.ssh/id_rsa.pub

O resultado é semelhante a:

secret "ssh-key-secret" created

Você também pode criar um manifesto kustomization.yaml com um campo secretGenerator contendo chaves SSH.

Agora você pode criar um Pod que referencia o Secret com a chave SSH e consome-o em um volume:

apiVersion: v1
kind: Pod
metadata:
  name: secret-test-pod
  labels:
    name: secret-test
spec:
  volumes:
  - name: secret-volume
    secret:
      secretName: ssh-key-secret
  containers:
  - name: ssh-test-container
    image: mySshImage
    volumeMounts:
    - name: secret-volume
      readOnly: true
      mountPath: "/etc/secret-volume"

Ao rodar o comando do contêiner, as partes da chave estarão disponíveis em:

/etc/secret-volume/ssh-publickey
/etc/secret-volume/ssh-privatekey

O contêiner então pode utilizar os dados do secret para estabelecer uma conexão SSH.

Caso de uso: Pods com credenciais de ambientes de produção ou testes

Este exemplo ilustra um Pod que consome um Secret contendo credenciais de um ambiente de produção e outro Pod que consome um Secret contendo credenciais de um ambiente de testes.

Você pode criar um manifesto kustomization.yaml com um secretGenerator ou rodar kubectl create secret.

kubectl create secret generic prod-db-secret --from-literal=username=produser --from-literal=password=Y4nys7f11

O resultado é semelhante a:

secret "prod-db-secret" created

Você pode também criar um Secret com credenciais para o ambiente de testes.

kubectl create secret generic test-db-secret --from-literal=username=testuser --from-literal=password=iluvtests

O resultado é semelhante a:

secret "test-db-secret" created

Agora, crie os Pods:

cat <<EOF > pod.yaml
apiVersion: v1
kind: List
items:
- kind: Pod
  apiVersion: v1
  metadata:
    name: prod-db-client-pod
    labels:
      name: prod-db-client
  spec:
    volumes:
    - name: secret-volume
      secret:
        secretName: prod-db-secret
    containers:
    - name: db-client-container
      image: myClientImage
      volumeMounts:
      - name: secret-volume
        readOnly: true
        mountPath: "/etc/secret-volume"
- kind: Pod
  apiVersion: v1
  metadata:
    name: test-db-client-pod
    labels:
      name: test-db-client
  spec:
    volumes:
    - name: secret-volume
      secret:
        secretName: test-db-secret
    containers:
    - name: db-client-container
      image: myClientImage
      volumeMounts:
      - name: secret-volume
        readOnly: true
        mountPath: "/etc/secret-volume"
EOF

Adicione os Pods a um manifesto kustomization.yaml:

cat <<EOF >> kustomization.yaml
resources:
- pod.yaml
EOF

Crie todos estes objetos no servidor da API rodando o comando:

kubectl apply -k .

Ambos os contêineres terão os seguintes arquivos presentes nos seus sistemas de arquivos, com valores para cada um dos ambientes dos contêineres:

/etc/secret-volume/username
/etc/secret-volume/password

Observe como as specs para cada um dos Pods diverge somente em um campo. Isso facilita a criação de Pods com capacidades diferentes a partir de um template mais genérico.

Você pode simplificar ainda mais a definição básica do Pod através da utilização de duas service accounts diferentes:

  1. prod-user com o Secret prod-db-secret
  2. test-user com o Secret test-db-secret

A especificação do Pod é reduzida para:

apiVersion: v1
kind: Pod
metadata:
  name: prod-db-client-pod
  labels:
    name: prod-db-client
spec:
  serviceAccount: prod-db-client
  containers:
  - name: db-client-container
    image: myClientImage

Caso de uso: dotfiles em um volume de Secret

Você pode fazer com que seus dados fiquem "ocultos" definindo uma chave que se inicia com um ponto (.). Este tipo de chave representa um dotfile, ou arquivo "oculto". Por exemplo, quando o Secret abaixo é montado em um volume, secret-volume:

apiVersion: v1
kind: Secret
metadata:
  name: dotfile-secret
data:
  .secret-file: dmFsdWUtMg0KDQo=
---
apiVersion: v1
kind: Pod
metadata:
  name: secret-dotfiles-pod
spec:
  volumes:
  - name: secret-volume
    secret:
      secretName: dotfile-secret
  containers:
  - name: dotfile-test-container
    image: k8s.gcr.io/busybox
    command:
    - ls
    - "-l"
    - "/etc/secret-volume"
    volumeMounts:
    - name: secret-volume
      readOnly: true
      mountPath: "/etc/secret-volume"

Este volume irá conter um único arquivo, chamado .secret-file, e o contêiner dotfile-test-container terá este arquivo presente no caminho /etc/secret-volume/.secret-file.

Caso de uso: Secret visível somente em um dos contêineres de um pod

Suponha que um programa necessita manipular requisições HTTP, executar regras de negócio complexas e então assinar mensagens com HMAC. Devido à natureza complexa da aplicação, pode haver um exploit despercebido que lê arquivos remotos no servidor e que poderia expor a chave privada para um invasor.

Esta aplicação poderia ser dividida em dois processos, separados em dois contêineres distintos: um contêiner de front-end, que manipula as interações com o usuário e a lógica de negócio, mas não consegue ver a chave privada; e um contêiner assinador, que vê a chave privada e responde a requisições simples de assinatura do front-end (por exemplo, através de rede local).

Com essa abordagem particionada, um invasor agora precisa forçar o servidor de aplicação a rodar comandos arbitrários, o que é mais difícil de ser feito do que apenas ler um arquivo presente no disco.

Melhores práticas

Clientes que utilizam a API de Secrets

Ao instalar aplicações que interajam com a API de Secrets, você deve limitar o acesso utilizando políticas de autorização como RBAC.

Secrets frequentemente contém valores com um espectro de importância, muitos dos quais podem causar escalações dentro do Kubernetes (por exemplo, tokens de service account) e de sistemas externos. Mesmo que um aplicativo individual possa avaliar o poder do Secret com o qual espera interagir, outras aplicações dentro do mesmo namespace podem tornar estas suposições inválidas.

Por estas razões, as requisições watch (observar) e list (listar) de Secrets dentro de um namespace são permissões extremamente poderosas e devem ser evitadas, pois a listagem de Secrets permite a clientes inspecionar os valores de todos os Secrets presentes naquele namespace. A habilidade de listar e observar todos os Secrets em um cluster deve ser reservada somente para os componentes mais privilegiados, que fazem parte do nível de aplicações de sistema.

Aplicações que necessitam acessar a API de Secret devem realizar uma requisição get nos Secrets que precisam. Isto permite que administradores restrinjam o acesso a todos os Secrets, enquanto utilizam uma lista de autorização a instâncias individuais que a aplicação precise.

Para melhor desempenho em uma requisição get repetitiva, clientes podem criar objetos que referenciam o Secret e então utilizar a requisição watch neste novo objeto, requisitando o Secret novamente quando a referência mudar. Além disso, uma API de "observação em lotes" para permitir a clientes observar recursos individuais também foi proposta e provavelmente estará disponível em versões futuras do Kubernetes.

Propriedades de segurança

Proteções

Como Secrets podem ser criados de forma independente de Pods que os utilizam, há menos risco de um Secret ser exposto durante o fluxo de trabalho de criação, visualização, e edição de Pods. O sistema pode também tomar precauções adicionais com Secrets, como por exemplo evitar que sejam escritos em disco quando possível.

Um Secret só é enviado para um nó se um Pod naquele nó requerê-lo. O kubelet armazena o Secret num sistema de arquivos tmpfs, de forma a evitar que o Secret seja escrito em armazenamento persistente. Uma vez que o Pod que depende do Secret é removido, o kubelet apaga sua cópia local do Secret também.

Secrets de vários Pods diferentes podem existir no mesmo nó. No entanto, somente os Secrets que um Pod requerer estão potencialmente visíveis em seus contêineres. Portanto, um Pod não tem acesso aos Secrets de outro Pod.

Um Pod pode conter vários contêineres. Porém, cada contêiner em um Pod precisa requerer o volume de Secret nos seus volumeMounts para que este fique visível dentro do contêiner. Esta característica pode ser utilizada para construir partições de segurança ao nível do Pod.

Na maioria das distribuições do Kubernetes, a comunicação entre usuários e o servidor da API e entre servidor da API e os kubelets é protegida por SSL/TLS. Secrets são protegidos quando transmitidos através destes canais.

FEATURE STATE: Kubernetes v1.13 [beta]

Você pode habilitar encriptação em disco em dados de Secret para evitar que estes sejam armazenados em texto plano no etcd.

Riscos

  • No servidor da API, os dados de Secret são armazenados no etcd; portanto:
    • Administradores devem habilitar encriptação em disco para dados do cluster (requer Kubernetes v1.13 ou posterior).
    • Administradores devem limitar o acesso ao etcd somente para usuários administradores.
    • Administradores podem desejar apagar definitivamente ou destruir discos previamente utilizados pelo etcd que não estiverem mais em uso.
    • Ao executar o etcd em um cluster, administradores devem garantir o uso de SSL/TLS para conexões ponto-a-ponto do etcd.
  • Se você configurar um Secret utilizando um arquivo de manifesto (JSON ou YAML) que contém os dados do Secret codificados como base64, compartilhar este arquivo ou salvá-lo num sistema de controle de versão de código-fonte compromete este Secret. Codificação base64 não é um método de encriptação e deve ser considerada idêntica a texto plano.
  • Aplicações ainda precisam proteger o valor do Secret após lê-lo de um volume, como por exemplo não escrever seu valor em logs ou enviá-lo para um sistema não-confiável.
  • Um usuário que consegue criar um Pod que utiliza um Secret também consegue ler o valor daquele Secret. Mesmo que o servidor da API possua políticas para impedir que aquele usuário leia o valor do Secret, o usuário poderia criar um Pod que expõe o Secret.

Próximos passos

Última modificação January 06, 2022 at 7:33 PM PST: Remove comment blocks with original content. (6708e86c6e)